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sexta-feira, fevereiro 15

Descubra a origem da caipirinha e aprenda receitas

Saiba de onde veio o clássico nacional e confira cinco dicas infalíveis para o drinque perfeito

Um sábado de calor, aquela mesa farta de feijoada, boa música, companhia agradável. Tudo ao brinde de uma boa caipirinha. O drinque que hoje rega comemorações nacionais e caiu no gosto dos gringos já foi usado como remédio caseiro. No início do século XX, precisamente em 1918, a mistura de cachaça, limão, mel e alho era consumida no Brasil para amenizar os efeitos da Gripe Espanhola. “O limão era utilizado na receita por conta de sua Vitamina C e o álcool era aplicado para acelerar os efeitos terapêuticos do medicamento”, explica Jairo Martins, sommelier de cachaça e escritor do livro “Cachaça: o mais brasileiro dos prazeres” (2006).

Martins afirma que, naquela época, muitas das cachaças eram produzidas no interior de São Paulo, sobretudo na região de Piracicaba. Em seguida, o produto passou a desembarcar no porto de Santos. Foi então que aquele tal remédio caseiro recebeu seu simpático nome. O “caipirinha” era usado em alusão à origem de um dos ingredientes mais marcantes, a aguardente de cana.

 
A explicação relacionada à Gripe Espanhola é a mais provável, de acordo com o sommelier de cachaças. Mas não faltam versões para contar como nasceu a queridinha brasileira. Uma das teorias, por exemplo, defende que marinheiros de navios estrangeiros inventaram a mistura. Ao atracar no porto de Paraty, eles ingeriam cachaça com limão para prevenir o escorbuto, doença provocada pela falta de Vitamina C no organismo.

O batismo da caipirinha foi prosseguido por um período de consagração da cultura nacional, marcado em São Paulo pela Semana de Arte Moderna de 1922. O evento buscava alinhar as artes brasileiras às vanguardas europeias. A bebida foi então abraçada pelos intelectuais modernistas como um símbolo da cultura gastronômica nacional. Finalmente o Brasil tinha um drinque para chamar de seu. “A caipirinha foi usada como uma espécie de protesto. Mais tarde, a pintora Tarsila do Amaral e o escritor Oswald de Andrade, modernistas, levaram a tradição até Paris”, afirma Martins.

Em 2003, a bebida foi juridicamente consagrada num decreto presidencial com o objetivo de regulamentá-la como típica do Brasil. Assim, foi possível evitar que ela corresse o risco de ser patenteada por empresas estrangeiras. Hoje, o drinque aparece da seguinte forma: “bebida com graduação alcoólica de quinze a trinta a seis por cento em volume, a vinte graus Celsius, elaborada com cachaça, limão e açúcar, poderá ser denominada de caipirinha (bebida típica do Brasil), facultada a adição de água para a padronização da graduação alcoólica e de aditivos”.

Mas não é isso que observamos em restaurantes e bares por aí. O rigor da fórmula limão tahiti, cachaça e açúcar demerara está sendo deixado de lado para agradar aos mais diversos paladares. É nisso que acredita o bartender Spencer Jr., que tem 10 anos de carreira e comanda o bar do paulistano MyNY há 6 meses, selecionado pela revista Época São Paulo como o local com melhores drinques da cidade. “A caipirinha tem se modelado tanto pela demanda do público quanto pelas marcas de bebida, que se aproveitam do sucesso do drinque para vender mais”, diz.

Do balcão comandado por Spencer só sai a versão autêntica da receita. Mas como um bom drinque sempre é bem-vindo, seja para refrescar um dia quente ou amenizar efeitos da gripe – como pretendia a caipirinha original –, selecionamos cinco fórmulas que levam desde Rum até Arak. Tim tim!

 

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