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segunda-feira, março 26

Estudo mostra que dieta atlântica ajuda a reduzir risco de enfarte

A nova descoberta dos portugueses garante aos moradores do norte do país os menores índices de enfarte do mundo.

O mar fez de Portugal um gigante. Poderoso império de terras distantes. Orgulhoso dos filhos aventureiros que descobriram o caminho de um mundo novo.
O tempo levou o poder e as riquezas. Mas o mar, ainda é de Portugal. Agora, o povo que nos descobriu, quer ensinar o mundo a viver bem. Uma vida ao mesmo tempo saborosa e saudável: é a última descoberta de Portugal.

E, mais uma vez, a inspiração veio do mar. É hora de conhecer a dieta atlântica, que mistura as delícias do oceano com as riquezas da terra. É um cardápio que os portugueses apreciam há várias gerações.
E quando surgiu a preocupação com a saúde, a mesa já estava posta. A comida tradicional da região sempre foi colorida e de dar água na boca. Agora, está provado: a dieta que encanta os nossos olhos, também protege o coração.
Quem repara nos pratos nota uma semelhança com outra mesa bem mais famosa: a da dieta mediterrânea.
A culinária tradicional de países como a Itália ou a Grécia, já é reconhecida como um estilo de vida que ajuda a prevenir muitas doenças.
A dieta atlântica é mais flexível. Por exemplo: permite um pouco de carne vermelha.
E mesmo assim, dá resultados tão bons quanto a outra, segundo os cientistas portugueses.
Portugueses, mais ou menos. Porque a pesquisadora da Universidade do Porto nasceu no Brasil, é paulistana do bairro da aclimação. Criada em Portugal, a doutora Andréia Oliveira gostou tanto da comida portuguesa que hoje estuda os hábitos alimentares desse cantinho da Europa: no norte de Portugal e na região da Galícia, na Espanha, estão os principais adeptos da dieta atlântica.
“Basicamente a dieta atlântica diferencia-se pelo elevado consumo de peixe, de carne e de produtos lácteos, que no caso da dieta mediterrânica não estão tão salientes. E que pode também ajudar a explicar as baixas taxas de mortalidade que nós temos no nosso país, quer Portugal, quer Espanha, nós temos as taxas de mortalidade coronária mais baixas da Europa", afirma a doutora Andréia Oliveira.
Um estudo com mais de três mil voluntários mostrou que o risco de enfarte é 33% menor entre os seguidores da dieta atlântica.
É difícil encontrar uma pessoa mais "atlântica" do que a Dona Carmen, que segue a dieta à risca!
Dona Carmem mostra para o Globo repórter como é sua dieta. O prato é peixe cozido com o acompanhamento mais típico de Portugal. “Pescada cozida sem uma batata não é nada”, comenta.
Dona Carmem diz que tem o hábito de não exagerar em nada. Se a visita fosse um dia antes, teríamos encontrado Dona Carmen preparando outra receita.
Repórter: A senhora come carne, também?
Dona Carmen: Como muito menos carne do que peixe, porque eu também gosto pouco de carne. Como no máximo duas vezes por semana.
Na outra dieta mais conhecida, a mediterrânea, a receita de saúde parecia boa para os dois lados. Os porcos fugiam da panela e nós fugíamos do excesso de calorias e do colesterol ruim.
Mas na dieta atlântica até a carne de porco faz parte do cardápio.
“Não há alimentos bons, nem alimentos maus. Há uma boa alimentação, uma má alimentação, observa a pesquisadora Andréia Oliveira.
Mas atenção: isoladas, a carne e a batata são alimentos que aumentam o risco para o coração. Eles só são recomendados se estiverem dentro de um bom padrão alimentar.
“O que nós pretendemos não é dizer, podem comer carne vermelha que isso não lhes vai fazer mal e não vai levar a um evento cardiovascular. Não é isso. O que nós pretendemos dizer é que, em um padrão abrangente e saudável, em proporções adequadas, no global, pode ter um efeito cardioprotetor”, alerta a pesquisadora.
No dia a dia, todos os elementos da dieta devem ser bem combinados.
-Peixes de todos os tipos
-Legumes e verduras de sobra
-Pão, desde que não seja refinado
-Queijos, iogurtes e outros derivados do leite
-Vinho
E, além da carne, outras duas diferenças importantes em relação à dieta mediterrânea:
o bacalhau e a sopa.
“Sopa faço sempre, como sopa todos os dias”, conta dona Carmen.
Mas se a sopa é de legumes, será que não estamos só repetindo um item da dieta? Qual a vantagem de comê-los na sopa? Disfarçados e quentinhos, os vegetais são digeridos mais facilmente.
“O fato também de poder ser no início da refeição ajuda que a pessoa já tenha uma maior saciedade e não tenha, digamos, tanto apetite para o prato principal”, explica Andreia Oliveira.
Na dieta, o bacalhau vem acompanhado de um alerta com ponto de exclamação: cuidado com o sal! Se os portugueses têm o coração protegido, por outro lado têm uma das taxas mais altas do mundo de acidente vascular cerebral. Por isso, dona Carmen não abusa. Só come bacalhau uma vez por mês.
“Tem que deixar bem de molho muito tempo. Pelo menos 3 dias e mudo de água todos os dias, isso é muito importante”, conta. “Por isso é que eu digo que eu ainda sou um bocadinho mais exigente do que normalmente eles mandam”.
A disciplina de dona Carmen tem suas recompensas. “Acho que melhorei. Sei que me sinto muito melhor, portanto a nível cardíaco”, avalia.
O jantar fica pronto. É o resultado de uma dieta com gosto de comida de verdade.
Dona Carmen mostra o resultado e destaca que o prato cheira a alimentos naturais.
Se quisesse, dona Carmen seria uma excelente cozinheira. Mas as mãos delicadas escolheram uma outra profissão: parteira.
“Fiz parto de brasileiros. Dos filhos de alguns jogadores que jogavam no Futebol Clube do Porto”, conta.
Depois do jantar, dona Carmen faz questão de nos mostrar o apartamento. E passear por sua casa é como conhecer toda a cidade do Porto, graças aos quadros com jeito de cartão postal que ela mesma pinta.
Surge assim a cidade das seis pontes. E as margens que produzem alguns dos melhores vinhos do mundo. O vinho é um dos elementos da dieta atlântica que mais protegem o coração. Só que não adianta beber muito e estragar o fígado e outras partes do corpo. A dose recomendada é só uma taça por refeição.
Famosa há séculos pelos bons vinhos, a região também quer ser conhecida pela qualidade de vida. E a palavra com que recebe os visitantes é sempre a mesma: saúde!


http://g1.globo.com/globo-reporter/noticia/2012/03/estudo-mostra-que-dieta-atlantica-ajuda-reduzir-risco-de-enfarte.html

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